domingo, 7 de abril de 2013

Menstrala

Trata-se de um movimento que busca recuperar a naturalidade da menstruação feminina utilizando o sangue expelido pelo corpo como arte. O movimento pretende quebrar o tabu gerado pelo período, conhecido como "aqueles dias", e dar liberdade à mulher. Na imagem da série de fotos "Sangro, pero no muero", de Isa Sanz, uma mulher escreve a palavra "amor" com o sangue de sua menstruação.

                                   http://menstrala.blogspot.com.br/






Um comentário:

  1. Aviso da Lua que menstrua

    Moço, cuidado com ela!
    Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
    Imagine uma cachoeira às avessas:
    cada ato que faz, o corpo confessa.
    Cuidado, moço
    às vezes parece erva, parece hera
    cuidado com essa gente que gera
    essa gente que se metamorfoseia
    metade legível, metade sereia.
    Barriga cresce, explode humanidades
    e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
    mas é outro lugar, aí é que está:
    cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
    Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
    que vai cair no mesmo planeta panela.
    Cuidado com cada letra que manda pra ela!
    Tá acostumada a viver por dentro,
    transforma fato em elemento
    a tudo refoga, ferve, frita
    ainda sangra tudo no próximo mês.
    Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
    é que chegou a sua vez!
    Porque sou muito sua amiga
    é que tô falando na "vera"
    conheço cada uma, além de ser uma delas.
    Você que saiu da fresta dela
    delicada força quando voltar a ela.
    Não vá sem ser convidado
    ou sem os devidos cortejos..
    Às vezes pela ponte de um beijo
    já se alcança a "cidade secreta"
    a Atlântida perdida.
    Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
    Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
    cai na condição de ser displicente
    diante da própria serpente
    Ela é uma cobra de avental
    Não despreze a meditação doméstica
    É da poeira do cotidiano
    que a mulher extrai filosofando
    cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
    julgando a arte do almoço: Eca!...
    Você que não sabe onde está sua cueca?
    Ah, meu cão desejado
    tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
    então esquece de morder devagar
    esquece de saber curtir, dividir.
    E aí quando quer agredir
    chama de vaca e galinha.
    São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
    O que você tem pra falar de vaca?
    O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
    VACA é sua mãe. De leite.
    Vaca e galinha...
    ora, não ofende. Enaltece, elogia:
    comparando rainha com rainha
    óvulo, ovo e leite
    pensando que está agredindo
    que tá falando palavrão imundo.
    Tá, não, homem.
    Tá citando o princípio do mundo!
    (Elisa Lucinda)

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