quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como bem escreveu João Cabral de Melo Neto:


"O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."

O amor comeu tudo e ainda sim é menino pequeno que não sabe enfrentar vida...
é um copo de água pra uma manada de elefante, é um pessoa pra olhar todas as estrelas...
é uma gota de lagrima no oceano, é um marujo sem pé no mar, é uma maça pra que tem fome de carne,
é um carinho pra quem deseja brigar, é um caminho que não escolhem pra trilhar...
é uma lingua que não consegue degustar o doce...
é um lençol que não cobre o corpo...
é algo que não está no escopo...
é um utensílio sem serventia na casa de quem não se perfuma com o frescor do sentimento genuíno...
e muito pouco pra quem se sente cansado de ter sido sempre mal tratado...
é muito bom pra quem é desconfiado...
é muito raso pra não poder se deixar inapagado...
é muito menino pra parecer coisa séria...
é tão pouquinho que se confunde com miséria...
é tão privado que parece insensato... é recente, então parece incoerente....
é tão faminto que parece um bebê...
é tão de lado que não vislumbra-te a você...
é um menininho de um metro e 15 de altura correndo para caçar balões de Cecília...

O amor reconhecível, que aperta meu coração e faz corpo doer... e meu sangue parar... é tão pequeno que devora tudo que sou , que devora minha paz, minha amanda noite, minha primavera festiva,   , meu silêncio insalubre, minha frutas prediletas, meus escritos de folhas, minha guerra, meu futuro.... mas ainda sim não cresce.... eu adoro o amor do João Cabral de Melo Neto, mas o meu é pequeno.... não é buraco negro gigante que devora tudo... ele engole só a mim...

só queria que fosse diferente... mas não é... como as borboletas brancas...

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