sábado, 30 de março de 2013

Carta sobre um pirata com dois olhos e sem um barco.



Eu já disse que quero estar sozinho, mas essa maldita vida teima em me contrariar e me apresentou alguém como você...  Essa maldita vida me estende a mão com seus vocês, cheiros afetuosos, seus cabelos belos e sua boca molhada... Eu já disse que quero ser sozinho... Não!!! Não quero passar por isso... Tenho medo de ficar com minhas feridas abertas e não poder nem mostra-las pra ninguém...

Eu um homem se assim me permite chamar-me estava decididamente acostumado com minha solidão e isso não só sai dos meus lábios espertos... Depois da donzela dos cabelos avermelhados não tive mais ninguém que revirasse o meu juízo, nem que me fizesse repensar algumas estruturas que eu mesmo tinha construído... Mas depois de você... essas estruturas estão sendo analisadas, exumadas, perscrutadas como se fossem laranjas ou pêssegos gigantes (revirando a carne de dentro, os gomos e a alma)...

As meninas e mulheres que tive só passaram pelas bordas nem molharam os pés... Elas foram apenas saciedade dos meus desejos e, e claro, dos delas (uma troca justa) nada que envolvesse a possibilidade de mudanças intensas no percurso da minha existência... Mas com você minha violeta divina... É bem diferente... E isso me apavora, pois quase não conheço onde isso vai dar.

Posso estar enganado, mas com minhas conjecturas baseadas em princípios referentes ao meu autoconhecimento e minha constante contemplação de você...  Já vi muitas mulheres de toda parte do mundo e... Não consigo explicar, mas acho você tão bonita... talvez a mais bonita de todas. Se eu não tivesse um pudor idiota eu lhe diria isso olhando nos olhos... Verdes... Mas só consigo dizer isso bem baixinho, quando você esta olhando pra outro lado ou com atenção em outra coisa (talvez isso seja e, é bem provável que seja uma defesa do meu coração).

Eu sinto que estou perdendo lentamente as armas que sempre me trouxeram segurança... Como o barco de Laiá-Laiá que dei a você ou a arvora de cerejeira que não me é mais meu lugar de isolamento e o tango que estamos começando e dançar e que pode virar qualquer outro ritmo desconhecido ou que pode acabar e etc e etc...

Por tudo isso eu ando enchendo meus dias de coisas e eventos para tentar mudar o percurso dos meus pensamentos... Sabe? Como quando, na infância, se brincava de cabo-de-guerra? Mas os meninos e as meninas que residem dentro de mim e que são loucos por você estão vencendo em triunfos inconvenientes e perturbatórios. E... Assim meus pensamentos caoticamente se remetem a você novamente... eu em uma embriaguez escolho sair com uma “amiga” e tomar sorvete  e, ironicamente acabo pensando que seria tão gostoso se estivesse ali no lugar dela, ou vou assistir filmes, uma paixão eu admito, e penso que seria mais gosto alisar seus cabelos.

Eu tenho medo de tudo isso... Não quero me deixar envolver de uma maneira que fuja ao meu controle... Mas não quero deixar de me envolver... Mas quero que seja de forma completa não quero me envolver sem que você se transborde em mim e eu em você... Esse é o jeito que eu conheço e é o jeito que me faz sentido... que vale a pena...

Eu posso estar enganado, mas me parece que você é carregada de cautelas também e isso na verdade não aduba nosso solo... Porque você sempre diz um tipo não para nós dois?... cuidado!... Um dia eu e meu corpo podemos acabar seguindo esse caminho perene que você tanto invoca.

Eu desejo mesmo que nós fossemos, fugidos, embora pra Pasárgada, pois lá tudo é tão mais fácil... lá nós temos a cama do rei, os bosques do mundo, as cachoeiras de nossas almas (onde podemos nadar e beber), os balões de Cecília, temos todos os livros de nós mesmos, podemos nós empinar como pipas e nos dar todos os beijos inoportunos (que queremos, mas não podemos entregar um ao outro), teríamos algo que fruteies-nós.

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