Eu já disse que quero
estar sozinho, mas essa maldita vida teima em me contrariar e me apresentou
alguém como você... Essa maldita vida me
estende a mão com seus vocês, cheiros afetuosos, seus cabelos belos e sua boca
molhada... Eu já disse que quero ser sozinho... Não!!! Não quero passar por
isso... Tenho medo de ficar com minhas feridas abertas e não poder nem
mostra-las pra ninguém...
Eu um homem se assim me
permite chamar-me estava decididamente acostumado com minha solidão e isso não só
sai dos meus lábios espertos... Depois da donzela dos cabelos avermelhados não
tive mais ninguém que revirasse o meu juízo, nem que me fizesse repensar
algumas estruturas que eu mesmo tinha construído... Mas depois de você... essas
estruturas estão sendo analisadas, exumadas, perscrutadas como se fossem
laranjas ou pêssegos gigantes (revirando a carne de dentro, os gomos e a alma)...
As meninas e mulheres
que tive só passaram pelas bordas nem molharam os pés... Elas foram apenas saciedade
dos meus desejos e, e claro, dos delas (uma troca justa) nada que envolvesse a
possibilidade de mudanças intensas no percurso da minha existência... Mas com
você minha violeta divina... É bem diferente... E isso me apavora, pois quase
não conheço onde isso vai dar.
Posso estar enganado,
mas com minhas conjecturas baseadas em princípios referentes ao meu
autoconhecimento e minha constante contemplação de você... Já vi muitas mulheres de toda parte do mundo
e... Não consigo explicar, mas acho você tão bonita... talvez a mais bonita de
todas. Se eu não tivesse um pudor idiota eu lhe diria isso olhando nos olhos...
Verdes... Mas só consigo dizer isso bem baixinho, quando você esta olhando pra outro
lado ou com atenção em outra coisa (talvez isso seja e, é bem provável que seja
uma defesa do meu coração).
Eu sinto que estou
perdendo lentamente as armas que sempre me trouxeram segurança... Como o barco
de Laiá-Laiá que dei a você ou a arvora de cerejeira que não me é mais meu
lugar de isolamento e o tango que estamos começando e dançar e que pode virar
qualquer outro ritmo desconhecido ou que pode acabar e etc e etc...
Por tudo isso eu ando
enchendo meus dias de coisas e eventos para tentar mudar o percurso dos meus
pensamentos... Sabe? Como quando, na infância, se brincava de cabo-de-guerra? Mas
os meninos e as meninas que residem dentro de mim e que são loucos por você
estão vencendo em triunfos inconvenientes e perturbatórios. E... Assim meus pensamentos
caoticamente se remetem a você novamente... eu em uma embriaguez escolho sair
com uma “amiga” e tomar sorvete e,
ironicamente acabo pensando que seria tão gostoso se estivesse ali no lugar
dela, ou vou assistir filmes, uma paixão eu admito, e penso que seria mais
gosto alisar seus cabelos.
Eu tenho medo de tudo
isso... Não quero me deixar envolver de uma maneira que fuja ao meu controle...
Mas não quero deixar de me envolver... Mas quero que seja de forma completa não
quero me envolver sem que você se transborde em mim e eu em você... Esse é o
jeito que eu conheço e é o jeito que me faz sentido... que vale a pena...
Eu posso estar
enganado, mas me parece que você é carregada de cautelas também e isso na
verdade não aduba nosso solo... Porque você sempre diz um tipo não para nós
dois?... cuidado!... Um dia eu e meu corpo podemos acabar seguindo esse caminho
perene que você tanto invoca.
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