quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Não consegui escrever um título para tamanha dor...

É com uma tristeza inabalavelmente profunda. É um tal de pinga-pinga do peito. Um alívio insuportavelmente angustiante que meu coração parou de bater... foi em uma noite chuvosa onde cada pingo escorria pelo meu corpo que com um uivo demasiadamente humano meu coração parou.... empedrou, adoeceu de tanta espera... isso é deveras verídico, porém  ao contrário do que pedi o clichê... continuo calmo... não vou gritar, nem me debater... apenas ficarei aqui sentado vendo a margem de afastar...
Tenho um pouco de medo, estou apavorado na verdade, mas ainda tenho o que viver... só que agora tenho um pedaço de carne cinza no peito...
Eu assim como Clarice, tento captar a quarta dimensão... sabe aquela coisa de instante-já e da Psicologia da Gestalt...

Eu não sou um excelente escritor... escrevo tosco, mas gosto dos meus dizeres... não por me orgulhar deles... na verdade eu me envergonho quase sempre do cara refletido nas minhas palavras, mas tento perdoa-lo... ou esquece-lo.

E assim será com você Violeta...

usarei todo esse sofrimento pingado de mim como tinta pra pintar meus quadros, ou para escrever meus dizeres... tenho que me apressar pois já estou quase que completamente descorado... meu coração está em frangalhos... e como diria Leoni

"Eu respiro tentando
Encher os pulmões de vida
Mas ainda é difícil
Deixar qualquer luz entrar...

Ainda sinto por dentro
Toda dor dessa ferida
Mas o pior é pensar
Que isso um dia
Vai cicatrizar...

Eu queria manter
Cada corte em carne viva
A minha dor
Em eterna exposição
E sair nos jornais
E na televisão
Só pra te enlouquecer
Até você me pedir perdão..."

Mas serei eu mesmo... cicerado...

"...pra não te magoar
Não tem porquê
Pra ajudar teu analista:
"Desculpa."
Mas se você quiser
alguém pra amar
ainda
Hoje não vai dar
Não vou estar
Te indico alguém"

Esse meu descoloramento é permanente... perdi muito sangue agora preciso descansar... Nesse instante-já esta amanhecendo com uma aurora nebulosa... esta chovendo... meus pés descalço se umidessem  se tornam tácitos... passam sem fazer barulho... sem deixar marca... e vão se distanciando vagarosamente da esperança um dia presente... isso é tristeza... não to falando das pinturas convencionais.... to falando como Michel Seuphor... isso é tristeza, sem ilustrar coisa alguma, não conta histórias e não elaboram um mito. Simplesmente evoca os reinos intocados da alma, onde o sonho torna-se pensamento e onde o traço torna-se existência... eu diria onde a tristeza torna-se sem forma, nem determinantes, apenas... eu existindo...

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