sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Historinha de um amor que não foi... e do adormecer dos passarinhos desalmados

"Um rei medroso
Ordenou que fossem mortos
Todos os pássaros do seu reino.
Assim se cumpriu.

Daquele dia em diante
O canto que nascia vinha das entranhas das pedras.
Deu-se uma quebra no encantamento das coisas
E dragões desembocaram do espaço.
Parecia que o mundo inteiro findava".

No meio desse nada eu me apequenando pra caber nesse espaço que você me reservou... No meio dessa não vida eu fui me esperançando de um dia poder sorrir como alguém que deixou de ser fantasma e se tornou alguém... eu sempre quis ser seu amor, suas flores amanhecer, seu sorriso cativar, sua alma fomentar, o teu corpo umedecer e a felicidade te encontrar... mas eu só consegui me tornar "Quem faz o laço da gravata do mordomo que te serve o jantar", eu consegui em uma vitória nada triunfante te acalentar na angustia que sentias pela outra... eu consegui ser "o suporte que segura a tela plana da sua sala no lugar" por um breve instante... eu consegui equilibrar a tua mesa bamba que você e aposentou e não usava e nem olhava a mais de anos... Eu consegui ser "a sua estatua de jardim" e "o seu cabide de casacos" só pra te servir de alguma coisa e permanecer na tua casa... Eu me tornei "o empregado da empregada da empregada da empregada da empregada da empregada da empregada da empregada do seu tio. só pra poder te ver de relance numa casualidade milagrosa, para mim,... Eu consegui ir além de passarinho eu me tornei "o seu pinguim de geladeira e fiquei "uma semana inteira sem mexer", depois me transmutei num "passarinho do relógio que de hora em hora pode aparecer, pra eu te ver".... eu me tornei que faz a saia que você precisa usar no seu jantar à luz de velas com alguém... Eu me tornei tudo isso só porque não pude ser o ser amor... eu me tornei qualquer coisa por que não pude ser tão importante como as araras azuis no céu bonito... não pude ser o seu passarinho de jardim, nem seu pensamento mais feliz nem seu futuro mais promissor...

Quem sabe algum dia a paz e amor que busco agora.... nem essa dor que sinto no peito vai me negar...
Quem sabe algum dia talvez eu possa contar que...

"Então, as crianças se aliaram aos poetas
E desenharam um poema
De passarinhos ressuscitados.

Foi aí que pequeninas pedras
Animaram-se a levitar.
Pouco a pouco ganharam penas,
Bico, asas, gorjeio de pássaro.
E as crianças descobriram
Que pedrinhas coloridas são passarinhos disfarçados de chão.
Segredo milenarmente guardado.
Só o sabem as crianças e os poetas".

Porque agora só me restar adormecer entre as pedras, pois passarinho já não sou mais tive as ultimas asas, as asas de sonhos, arrancadas...


Referencias: Nara Rúbia Ribeiro, Clarice Falcão, Barão Vermelho e Beirut

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