sábado, 4 de janeiro de 2014

{meninus deixaduss}


ter os pés descalços me fizeram sentir uma vida mais inteira onde eu poderia talvez em algum momento ser protagonista, onde poderia ser um eixo de rotação tua... mas só talvez... e já é grande coisa, mas não o suficiente. Observar o nascer e o entardecer as araras azuis me fez me sentir mais pássaro e capaz de encontrar o Deus que nos rodeia... dias banhados de poesia, beijos de fome faminta, suculentos de frutas, de vida leve e promissora fome do infinito de amar e do efêmero que foram esses dias... Desses dias posso tirar alguns sonhos... o sonho de ser amado, o sonho de ser olhado, o sonho de ter espaço e o sonho de ser verdade... eles todos foram apenas sonhos, esses dias foram como a brisa antes da batalha aniquiladora... toda essa tranquilidade se fora dando lugar ao peso de atlas novamente, não consigo mais olhar para o céu, não sou mais o eixo de rotação... sou novamente o ponto de sustentação, de joelhos, segurando tudo isso me sinto cada vez mais irrisório e mais insipiente em ser amado. eu me tornei mais uma vez um meninus deixadus...


Foram dias de calmaria de pássaro e de violeta feita de poesia, mas já se foram...essas cenas oníricas não encontram possibilidade no real se esfacelam com o dilaceração das asas do que já foi um dia um passarinho  e com as pétalas que sangram... e com um amor absolutamente lindo, mas deixado... apenas deixado... O pássaro não conseguiu encantar a bela flor com seu voos... não conseguiu se valer do amor maduro trazido em baldes de carvalho do pé da serra...

A flor se tornou flor de dezembro não quis virar flor de janeiro... mas no dia em que tens acordado flor sempre teve carinho de passarinho. Agora o passarinho sem asas com muita humildade põe-se a ouvir as declarações dos grilos, pois eles são muito sábios... o passarinho sem asas escuta os dizeres do louva-deus que sempre consegui o que merece... e pede do fundo de seu coraçãozinho dilacerado que a violeta de leite possa ter dias de felicidade e que o tom de seus viveres sejam do mais puro amor e alegria... pois o passarinho ja não aguentaria ver tamanha injustiça com essa flor tão linda e com uma história tão sofrida.

Quem sabe assim algum dias esse passarinho possa desabrochar o amor incipiente que tanto lhe falta, que tanto lhe falta, que tanto lhe falta... e assim possa tentar voar com alguma engenhoca que lhe permita dar saltos como dara no passado... no passado onde a ingenuidade lhe permitiu sonhar de ser amado de ser cultivado, de ser o escolhido de forma inteira e não em partes... e de poder caber num espaço aberto e não num vazo de espaço sofrido com afeto pingado.

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