quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

NÃO BORBOLETARÁS

Não é certo fazer pacto com borboletas.
Não acho certo.

Deveria ser crime
Prosear com passarinhos
Ou observar detidamente
A gota de orvalho
Em meio às pétalas entreabertas da aurora.


Errado deixar-se atrair por bolhas de sabão.
Obsceno ficar espiando o acasalamento das cores
No alaranjar do crepúsculo.

É cruel observar, inerte,
O trabalho escravo das formigas.

Desumano mesmo é achar
Que pirilampo também é gente.

As leis do Estado
Deveriam tolher um tanto mais
Essa poesia indecorosa das coisas
E condenar à morte os poetas,
Esses deploráveis reinventores
Do vetor das essências.

NARA RÚBIA RIBEIRO

Um comentário: