sexta-feira, 21 de março de 2014

De outono

Beije-me intensamente para não me deixar desistir...
que meus pés, permaneçam forte e não falhem...
por serem carregantes de tristezas e choros...



não me fraquejem como condenados ou como alguém tão feliz que pode morrer...
que minha pegadas sejam cada uma diferente da outra... umas cautelosas como de pelicanos, outras firme como de tigre, de cegonha, de dragão do crepúsculo do outono, de formigas e de passarinhos a'nalmados...

que minhas asas sejam de todas as coisas possíveis... uma de cada fez e de todas ao mesmo tempo... asas clássicas com penas brancas, cinzas, e negras... asas de fogo ardente do astro rei, asas de águas e espumas da chuva e do mar, asas de raio e trovões... asas de pétalas de uma flor bonita, asas de folhas verdes de primavera e vermelhas de outono, asa de luz brilhante, asas de barro e pedra e de sanidade e loucura...





que minha mão possa te dar um vestido vermelho - metafórico - que você deseja vestir hoje a noite...

para não me fazer uma sexta-feira ou domingo de solidão... pois me divirto com seu contentamento...
e mesmo sem jeito me alegro com seu caminhar piano...

que possa reverberar-me mais no todo do que na bravesa, que o afago de uma dríade possa me acalentar e de transcender o nascimento para morte... e assim também ter meus pés lavados e poder pisar no sagrado que é o outro desconhecido... o trans-mito, o transcoisa, o transmesmo, o transgrito... o transoutro.



Beije-me forte para que eu não descole do existir...
que meus pés diariamente se transformem e que eu possa usa-los abundantemente, cheios de petá-las e fogo e gelo e de farfalhar das folhas coloridas e cinzas, ..., como os pássaros o ar. (talvez me movendo como Jagger ou como Astaire)



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